Dra. Milene Guirado no Ela Podcast: Mitos e Verdades sobre Emagrecimento

No episódio mais recente do Ela Podcast, recebemos a endocrinologista Dra. Milene Guirado para uma conversa reveladora sobre os mitos que ainda rondam o emagrecimento feminino. Logo de início, ela foi direta: “A mulherada pensa que, para emagrecer, tem que ficar sem comer. Isso é um mito.” E reafirma: é um mito, sim. Segundo a especialista, a chave não está em passar fome, mas em aprender a fazer escolhas alimentares mais inteligentes.

Outro ponto abordado com franqueza foi o mito de que é preciso sofrer na academia para perder peso. “Não tem que morrer de treinar”, diz Dra. Milene. Exercício físico é fundamental, mas deve ser feito com qualidade, regularidade e orientação – e não como punição. A endocrinologista também destacou que emagrecer não precisa ser sinônimo de sofrimento. A mudança real vem da consciência de que novos resultados exigem novas atitudes.

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Hormônios, Menopausa e a Gordurinha Teimosa

Durante a conversa, a Dra. Milene Guirado explicou com clareza um dos dilemas mais comuns das mulheres a partir dos 40: o ganho de gordura abdominal. Segundo a especialista, antes da menopausa, os hormônios — especialmente o estrogênio — desempenham um papel fundamental na distribuição da gordura corporal.

“O estrogênio faz com que a gordura se concentre mais no quadril e nas coxas, em forma subcutânea, que é menos prejudicial”, explica. No entanto, com a chegada da menopausa, a produção desse hormônio cai drasticamente. O resultado? A gordura migra para a região abdominal, onde se acumula em forma de gordura visceral, a mais perigosa.

Reposição Hormonal Ajuda?

A pergunta que não quer calar: repor os hormônios pode ajudar no controle de peso? Dra. Milene responde que sim, com ressalvas. A terapia de reposição hormonal não “dissolve” as gorduras já instaladas, mas ajuda a evitar que novas se acumulem, mantendo um metabolismo mais equilibrado. Isso reduz os riscos associados ao sobrepeso na menopausa, como o aumento da resistência insulínica e problemas cardiovasculares. “A reposição não tira o que já foi depositado, mas evita que mais gordura continue se acumulando”, reforça.

Gordura Abdominal e Resistência Insulínica

A gordura abdominal não é só uma questão estética. Ela está fortemente associada à resistência insulínica, uma condição que dificulta o emagrecimento e aumenta o risco de doenças como diabetes tipo 2, hipertensão e infarto.

“Essa gordurinha da barriga causa alterações que favorecem a resistência insulínica, que por sua vez é a base para várias doenças graves”, alerta a endocrinologista. Um dos primeiros sinais clínicos dessa resistência é a acantose nigricans, uma mancha escura e aveludada que aparece em áreas de dobras, como axilas, pescoço e virilha. “Muita gente acha que é sujeira. Mas não é. É sinal de que algo não vai bem no metabolismo”, destaca Dra. Milene.

Canetas emagrecedoras: o que é verdade e o que é modismo?

Fotos: Divulgação/Portal Mulher Amazônica

No episódio, abordamos um dos temas mais comentados entre mulheres que estão buscando emagrecer: as chamadas “canetas emagrecedoras”, especialmente o Mounjaro, novo queridinho do mercado. A Dra. Milene foi direta: “Sim, eu trabalho com Mounjaro. Ele é o do momento agora, e já chegou ao Brasil, nas doses iniciais de 2,5mg e 5mg.”

Embora já haja pacientes usando doses maiores (como 7,5mg ou até 10mg), ela reforça que o tratamento deve sempre começar em dose baixa, com prescrição e acompanhamento médico. Mounjaro é uma medicação injetável que age como análogo de um hormônio intestinal chamado GLP-1 (semelhante ao famoso Ozempic), promovendo diversos efeitos benéficos:

• Estimula a liberação de insulina apenas quando há presença de glicose no sangue — importante no controle do diabetes tipo 2;
• Reduz o apetite por atuar no centro da fome no cérebro;
• Diminui o esvaziamento gástrico, ou seja, a comida permanece por mais tempo no estômago, prolongando à saciedade.

“É como se você tivesse aquela sensação de estar cheia, como depois de uma feijoada — só que de forma controlada e contínua”, compara a endocrinologista. Na parte final da entrevista, Dra. Milene trouxe um alerta importante: não é o número na balança que determina o sucesso do emagrecimento.

“As pessoas focam muito na balança. Mas o peso total não mostra se você está perdendo gordura ou massa magra. E isso faz toda a diferença”, explica. A médica destacou que um dos grandes objetivos do tratamento com medicamentos como Mounjaro ou Ozempic, aliados à reeducação alimentar e exercícios adequados, é preservar a massa muscular enquanto se elimina gordura corporal. Essa preservação é essencial, porque perder músculo pode desacelerar o metabolismo e comprometer a saúde a longo prazo — principalmente em mulheres acima dos 40, que já enfrentam mudanças hormonais significativas.

A chave de tudo? Decisão, hábito e consistência

Ao final da entrevista, a Dra. Milene Guirado nos lembrou que nenhum método, remédio ou dieta substitui a decisão pessoal — firme e renovada todos os dias — de mudar. “O primeiro pilar, que nem é bem um pilar, mas é a base de tudo, é a decisão. Sem ela, nada vai pra frente”, afirma com convicção. Começar a academia, marcar nutricionista, usar medicação e parar tudo uma semana depois não leva a resultados. É preciso compromisso com a própria saúde.

Outro ponto fundamental é a alimentação consciente. A especialista reconhece que a correria do dia a dia, o cansaço e os hábitos ruins tornam o processo difícil, mas reforça: criar bons hábitos não é impossível. Requer tempo, repetição e paciência. Para mulheres acima dos 35 ou 40 anos, outro pilar indispensável é a atividade física. “A partir dessa idade, a gente começa a perder massa magra naturalmente. Sem exercício, perder peso se torna cada vez mais difícil”, explica Dra. Milene.

E não se trata de treinos exaustivos: o segredo está em escolher uma atividade que traga prazer e seja realizada com regularidade e orientação profissional. Caminhadas, dança, natação ou musculação — o importante é não ficar parada. A equipe do Ela Podcast e o Portal Mulher Amazônica agradecem à Dra. Milene Guirado por compartilhar, com tanta clareza e empatia, conhecimento técnico e humano sobre um tema que afeta tantas mulheres: o emagrecimento saudável, sem sofrimento e sem atalhos perigosos.
 

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