Milton Hatoum: um manauara entre os cotados ao Nobel de Literatura

O escritor amazonense Milton Hatoum, um dos nomes mais expressivos da literatura brasileira contemporânea, tem sido apontado como uma possível indicação ao Prêmio Nobel de Literatura. O reconhecimento foi mencionado recentemente em uma reportagem assinada por Ewerton Ulysses Cardoso e publicada pela revista O Odisseu, durante a Festa Literária Internacional da Mantiqueira, que homenageou Hatoum em maio deste ano.

Na matéria intitulada “Milton Hatoum: Um Nobelável Para Chamar de Nosso”, Cardoso destaca que o nome do autor de Dois Irmãos e Relato de um Certo Oriente reúne elementos que o tornam um forte candidato ao prêmio mais prestigiado da literatura mundial.

“Os trâmites em torno de uma indicação ao Nobel de Literatura têm muito mais a ver com a promoção de políticas de cultura e tradução do que com qualquer outra coisa. Digo que Hatoum é nosso nome com mais chances porque ele consegue reunir em sua obra esse fator da atualidade em torno das questões políticas, numa obra que é profundamente lúcida”, afirma o autor da reportagem.

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A força da obra de Hatoum

Milton Hatoum nasceu em Manaus, em 1952, e construiu uma carreira literária marcada por temas como memória, identidade, conflito familiar e as contradições da sociedade brasileira. Sua escrita delicada e ao mesmo tempo vigorosa o tornou uma das vozes mais respeitadas da literatura nacional e internacional. Traduzido em mais de quinze idiomas, Hatoum é lido e estudado em universidades de diversos países.

Sua obra é conhecida por retratar a complexidade cultural da Amazônia e as tensões entre o regional e o universal. Em livros como Dois Irmãos, Cinzas do Norte e A Noite da Espera, o autor transita entre o íntimo e o político, entre o pessoal e o coletivo — uma combinação que, segundo críticos, o coloca em sintonia com os debates contemporâneos da literatura mundial.

Um nome que representa o Brasil no cenário internacional

Na análise publicada por O Odisseu, Ewerton Ulysses Cardoso ressalta também o fator da internacionalização da obra de Hatoum, que já circula amplamente fora do país e é reconhecida como exemplo de qualidade literária. “Apostar nossas fichas em Milton Hatoum não é dizer que ele merece mais que os demais, mas sim que, pensando politicamente, temos um nome que faz sentido nessa campanha pela ampliação da presença brasileira no Nobel. Qualquer esforço feito por agentes da cultura, da imprensa e da academia apenas reforçaria os olhares que já estão sobre ele”, pontua Cardoso.

Repercussão e expectativas

Fotos: Reprodução/Google

A menção ao nome de Hatoum entre os possíveis indicados ao Nobel de Literatura repercutiu com entusiasmo entre escritores, leitores e acadêmicos brasileiros. Para a professora Dra. Stefania Chiarelli, que também participou da reportagem, o autor amazonense representa “uma síntese do que há de mais sofisticado na literatura brasileira contemporânea, capaz de dialogar com o mundo sem perder suas raízes regionais”.

Embora o Prêmio Nobel de Literatura seja conhecido por sua imprevisibilidade, o nome de Hatoum figura entre as apostas que carregam tanto mérito artístico quanto representatividade simbólica. Sua eventual indicação seria não apenas um reconhecimento individual, mas também um marco para a literatura produzida na Amazônia e no Brasil.

Sobre o escritor

Milton Hatoum é autor de romances, contos e ensaios. Entre suas obras mais conhecidas estão Relato de um Certo Oriente (1989), vencedor do Prêmio Jabuti de Melhor Romance de Estreia; Dois Irmãos (2000), adaptado para a televisão; Cinzas do Norte (2005); e a trilogia O Lugar Mais Sombrio (2017–2019). Sua escrita elegante e de grande densidade humana o consagrou como um dos principais intérpretes da alma amazônica e brasileira.
 

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