Carlos Nobre enfatizou a necessidade de evitar a todo custo chegar aos pontos de não retorno apontados no relatório de 2018 do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC)
A ciência está mostrando com clareza: nós temos que acelerar demais a redução das emissões”. A mensagem sobre a necessidade de diminuir a emissão de gases de efeito estufa (GEE) veio do climatologista Carlos Nobre, professor do Instituto de Estudos Avançados da USP, em sua participação no evento "Diálogos pelo Clima - Mata Atlântica".
Promovido pela Embrapa, na quarta-feira, 8/10, em São Paulo (SP), foi o último de uma série de debates, um em cada bioma brasileiro, em preparação para a COP 30, que acontece no próximo mês, em Belém (PA). O objetivo principal era ampliar e aprofundar o debate público acerca das mudanças climáticas.
Carlos Nobre (foto ao lado) enfatizou a necessidade de evitar a todo custo chegar aos pontos de não retorno apontados no relatório de 2018 do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC). O documento indica, por exemplo, que um aumento de 2?C na temperatura até 2050 extinguiria todos os recifes de corais nos oceanos, que abrigam grande parte da biodiversidade marinha. Outra consequência seria o derretimento do solo congelado em áreas do Hemisfério Norte que compõem o permafrost, como a Sibéria.
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Isso liberaria 200 milhões de toneladas de metano para a atmosfera, o que aumentaria ainda mais o efeito estufa e levaria ao derretimento de outras áreas congeladas. Como consequência, o nível do mar poderia subir 2 metros até 2100. "Nós estamos colocando o planeta em um enorme risco, se não evitarmos esses pontos de não retorno", alertou. São 23 pontos de não retorno elencados pela ciência - estima-se que 10 deles sejam atingidos se o aumento da temperatura chegar a 2?C.
Em 1990, o primeiro relatório do IPCC, no qual Nobre trabalhou, recomendava que o aquecimento não passasse de 1?C e que, para isso, as emissões de GEE deveriam ser zeradas até o ano 2000. No entanto, as emissões continuaram e, do segundo semestre de 2023 até o primeiro semestre de 2025, o aumento da temperatura já chegou a 1,5?C - em 2024, atingiu 1,6?C. "O sexto relatório do IPCC mostrou que os eventos climáticos extremos, que estamos vivendo em todo o mundo, não são fenômenos naturais. A responsabilidade é antrópica; nós mudamos completamente o clima", afirmou o cientista.

Fotos: Reprodução/Google
Nesse cenário, Nobre referendou o discurso do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, na reunião do G-20, em novembro de 2024. Na fala, Lula propôs aos países-membros do grupo antecipar as metas de neutralidade climática de 2050 para 2040 ou até 2045. Na visão do cientista, a missão da COP 30 é obter dos países o compromisso de atingir metas como essas. "Ela tem que ser mais ambiciosa do que a COP 26", frisou.
A boa notícia, segundo o climatologista, é que o Brasil tem condições de zerar suas emissões líquidas de GEE até 2040, especialmente pelas políticas em vigor de combate ao desmatamento. A mudança no uso da terra é o principal fator gerador de emissões no país. Outro ponto com o qual Nobre se mostra otimista é a redução e até a eliminação do uso de combustíveis fósseis. Para o setor rural, ele defende avançar na adoção da agricultura regenerativa.
Fonte: Com informações Agência Gov
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