Betsy Bell no Ela Podcast: A força feminina da comunicação na Amazônia

No episódio mais recente do Ela Podcast, recebemos a jornalista Betsy Bell, uma das vozes mais influentes e pioneiras da comunicação na Amazônia. Com 30 anos de carreira, Betsy é exemplo de ousadia, reinvenção e profundo amor pelo fazer jornalístico, especialmente aquele que valoriza a cultura e as transformações sociais da região.

Formada pela Universidade Federal do Amazonas (UFAM), onde também concluiu uma Licenciatura em História e atualmente cursa Mestrado em História Social, Betsy construiu sua trajetória em jornais de peso como A Crítica, O Estado do Amazonas e Correio Amazonense. Também esteve à frente da Comunicação da Câmara Municipal de Manaus entre 2004 e 2006 e editou revistas de grande relevância, como Amazônia 21 e Parintins, Toada & Boi-Bumbá.

Relembrando o começo de sua carreira, Betsy compartilhou no Ela Podcast que o estágio no jornal A Crítica foi decisivo. “Eu gostava muito de escrever, e acho que foi a melhor escolha. Já me sentia em casa com a mídia escrita”, contou.

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Na década de 1990, quando o jornalismo cultural ainda era visto com certo desdém, ela ingressou no segundo caderno do jornal — o Criação, dedicado à cultura. “Foi uma escola para mim”, destacou, enfatizando que foi ali que teve uma visão ampla de temas fundamentais para a sociedade amazônica.

Muito antes do boom das redes sociais, Betsy já explorava o universo digital. Apaixonada por tecnologia desde a adolescência — “Comecei a mexer com Macintosh aos 16 anos” — ela criou o Blog da Bell, considerado o primeiro blog jornalístico de Manaus. Nele, reunia temas variados: política, economia, cultura, coluna social, tudo com uma linguagem acessível e sensível à realidade local.

Com mais de 10 mil acessos diários no início dos anos 2000, o blog inovava ao incluir charges e caricaturas — uma marca registrada do trabalho de Betsy. “Eu queria que as charges se mexessem! Mas ainda não existia tecnologia para isso. Hoje tem IA para tudo…, mas naquela época era só sonho”, comentou, rindo.

Apesar de sua curta duração, o Blog da Bell teve impacto relevante, antecipando o papel que os meios digitais viriam a desempenhar na comunicação amazônica. Desde 2008, Betsy está à frente da Press Comunicação Estratégica, sua própria empresa voltada à comunicação institucional e consultoria. É também coordenadora do projeto SiAtualize, que divulga iniciativas de tecnologia, inovação e economia verde na região.

Autora do livro “Márcia Siqueira: A Voz da Floresta”, Betsy também se dedica a contar histórias inspiradoras da Amazônia com afeto e profundidade. “Meu compromisso é com a verdade, com a Amazônia e com a inovação. O jornalismo mudou, mas o olhar humano e crítico continua essencial.” Durante a entrevista, a jornalista foi incisiva ao abordar a crise ética que atravessa parte do jornalismo contemporâneo. Para ela, a ética não se ensina apenas nos bancos da universidade — é um valor que se constrói desde a infância.

“Infelizmente, Carla, eu acho que isso tudo passa primeiro por uma formação sua, de base, familiar. Isso não é a faculdade que dá”, afirmou Betsy com firmeza. Ela reconhece que o sistema capitalista, com suas dinâmicas de poder e interesses, influencia negativamente muitos profissionais. Mas defende que cabe ao jornalista manter-se fiel ao seu compromisso social. “O jornalista tem que estar comprometido com o que ele aprendeu lá: a função social da profissão. Repassar com fidelidade, com ética, a notícia.”

Fotos: Reprodução/Portal Mulher Amazônica

Ao falar sobre as novas tecnologias e o uso da inteligência artificial na produção de conteúdo, Betsy aponta riscos e potencialidades: “A inteligência artificial pode te ajudar a curar melhor os dados. Mas muitos só a usam para refazer texto, e o resultado é algo muito artificial. É uma pena. Por outro lado, temos colegas maravilhosos, éticos, que continuam honrando a profissão.”

Betsy fez questão de destacar o valor do Portal Mulher Amazônica e do Ela Podcast, iniciativas que resgatam e amplificam as vozes femininas da região. “Maria Santana, que ideia maravilhosa. Não tem como a gente não falar da nossa história. A história das mulheres foi invisibilizada, calada, silenciada. E hoje, ter um portal que fale da experiência dessas várias mulheres, dessas múltiplas mulheres, é fundamental. Parabéns pelo projeto. Eu gosto bastante. Ainda mais pelo podcast, que foi criado especificamente para dar voz às mulheres.”

A idealizadora do Portal Mulher Amazônica e Ela Podcast Maria Santana e sua equipe agradeceram a Betsy por compartilhar sua história e por reconhecer o papel transformador da comunicação feita por mulheres. A participação de Betsy Bell no Ela Podcast foi uma aula de história, ética e coragem. Uma trajetória construída com talento, resiliência e visão — e que segue sendo referência para as novas gerações de comunicadores amazônicos.
 

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