O mercado precisa entender que não há futuro sem memória, nem inovação sem experiência.
Sergio Mattarella (83), presidente da Itália. Donald Trump e Luiz Inácio Lula da Silva, ambos com 79. Xi Jinping e Vladimir Putin, 72. Friedrich Merz, 69. Keir Starmer, recém-eleito no Reino Unido, 62.
A maioria das principais lideranças políticas globais está na faixa dos 60, 70 e até 80 anos. E esse dado revela algo importante: metade da população mundial é governada por pessoas que já passaram dos 60 anos — ou que terminarão seus mandatos com essa idade ou mais. Se a política global confia o futuro a líderes acima dos 60, por que o mercado corporativo insiste em ignorá-los?
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Uma Miopia Chamada Etarismo
Atualmente, profissionais com mais de 50 anos representam de 35% a 40% da força de trabalho nos países desenvolvidos. No entanto, ao observar o topo das organizações — conselhos, diretorias e cargos de decisão — essa faixa etária praticamente desaparece. A explicação mais comum: o mercado não está estruturado para absorver essa senioridade. A explicação real: isso é etarismo institucionalizado.
Apesar da experiência, da consistência e da visão estratégica que acumulam, profissionais mais velhos enfrentam portas fechadas, invisibilização e desprezo velado. E quando se trata de mulheres 50+, a exclusão é dobrada: além do etarismo, enfrentam o apagamento de gênero. O mercado ainda alimenta o mito de que inovação e agilidade pertencem à juventude. Ignora que a maturidade entrega sem alarde, decide com base em vivência e lidera com profundidade emocional. Pessoas com 60, 70 anos não precisam mais “se provar” — precisam de espaço, confiança e oportunidade.
O problema é que a diversidade etária ainda é o “parente pobre” das agendas de inclusão. Raros são os conselhos e áreas de RH que colocam esse tema entre as prioridades. Fala-se de gênero, raça, LGBTQIAPN+, mas o preconceito etário ainda transita livre e confortável pelas salas de decisão.
A liderança política entendeu. A economia ainda não
Fotos: Reprodução/Google
Curiosamente, enquanto o mercado marginaliza os maduros, a política os consagra. Mais de 50% dos chefes de Estado do mundo têm mais de 60 anos. Apenas 1,6% dos líderes mundiais têm menos de 40. Lideranças políticas buscam confiança, estabilidade, memória histórica e poder de articulação — qualidades que a maturidade oferece em abundância. O que falta ao setor privado é reconhecer esse mesmo valor. Não é competência que falta aos 50+. É oportunidade.
“Se a gente não se posicionar, o mercado se apressa em nos tornar invisíveis.” Essa frase, dita por uma mulher 50+ em uma recente conversa, resume o cenário. O desafio agora é romper o ciclo do silêncio e da exclusão. Atualizar o repertório, ampliar a presença, reforçar a autoridade: essas são decisões estratégicas. A maturidade não precisa pedir licença — precisa ocupar o espaço que o mercado ainda não criou.
Recomendações e ações urgentes:
Incluir diversidade etária como eixo de políticas de inclusão e metas de RH.
Incentivar mentorias reversas e programas de integração intergeracional.
Garantir presença de mulheres 50+ nos espaços de fala, decisão e representação.
Valorizar a experiência como um ativo, não como um obstáculo.
Mudar a cultura organizacional: idade não é sinônimo de obsolescência.
Enquanto o mundo político é liderado por octogenários, o mundo corporativo ainda aposta na juventude como única moeda de valor. Isso não é inovação — é exclusão com maquiagem moderna. Aos 50+, 60+, 70+, estamos no nosso melhor momento: o da visão ampla, da estabilidade emocional, da coragem serena. O mercado precisa entender que não há futuro sem memória, nem inovação sem experiência.
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